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Ulysses Lins - O Trovador do Sertão

Casa dos Poetas | 19:25 | 0 comentários


Ulysses Lins nascido no Sítio Pantaleão,1889, próximo do distrito de Albuquerque-Né, Município de Sertânia-PE, tendo passado a sua infância entre a fazenda natal e mais tarde a Fazenda Conceição e a sede do muncípio onde passou a estudar, desenvolveu paralelamente a carreira de coletor e fiscal de arrecadação de impostos do Estado e da União, a sua trajetória de escritor, quer como memorialista, quer como poeta, cuja obra, levou-lhe a ocupar a cadeira nº 01 da APL- Academia Pernambucana de Letras.
Foi um homem das letras , que sempre teve o Sertão e o sertanejo como foco de sua literatura. Tanto é que no seu discurso de posse na APL, intitulado "Exaltação a Poesia Sertaneja", ele afirma que chega aquela casa como um representante dos anônimos cantadores repentistas, vaqueiros aboiadores, dos poetas populares do Sertão. Esta defesa, feita ainda na década de 1930, o coloca como um dos precursores em chamar a atenção do mundo acadêmico e da sociedade (ação feita anteriormente pelo grande Luiz da Câmara Cascudo), mais de dez anos antes de Ariano Suassuna e Rogaciano Leite realizarem o célebre Congresso de Cantadores do Recife, um marco na  luta pelo reconhecimento e valorização da poesia popular nordestina. Personalidades como Menotti Del Picha, Manuel Bandeira, Múcio Leão, Rodrigues de Carvalho, entre outros destacaram a força de sua poesia.  Foi membro da Federação das Academias de Letras do Brasil, representando Pernambuco , do Inistituto Arqueológico, Histórico e Geográfico de Pernambuco e do Insitituto Arqueológico de São Paulo-SP.

Pulbicou os seguintes livros de Poesia:

-Ao Sol do Sertão( Versos) Recife, 1922.

- Mestres e discípulos(Sonetos), Recife, 1927.

-Fogo e Cinza, (Poesia), Recife- 1ª edição 1932, 2ª edição , 1957.

-Sol Poente(Poemas), Livaria José Olimpio editora, Rio, 1962.

- E a noite vem, (Poesia), Recife, 1969.

Póstuma:

-Antologia Poética(-Poesia), Rio , Letra Capital, 2016

O Inverno

(Ulysses Lins)

Quando às chuvas mensageiras

de um inverno promissor

Veste-se o parado de verde

O Sertão rebenta em flor

O sertanejo cantando

Esquece as dores passadas

Sentindo o cheiro da terra

E as primeiras trovoadas

Ah! Como é grato então ver-se

Transfigurado o Sertão

Todo campo festejando

A sua ressurreição

Corre o gado pela várzea

Muge o touro em desafio

E as águas descem cantando

No fundo leito do rio

Nas lagoas transbordantes

Piam marrecos boiando

Na queimada esturra a ema

E os socós passam grasnando

Lindas aves multicores

Na mais doce orquestração

 Soltam trinados em festa

E é todo encanto o Sertão


É o inverno alvissareiro

Que retorna aminha terra

Trazendo alegria aos lares

A cantar do vale a Serra

Quanta poesia se espalha

No seio da natureza

Nas almas boas e simples

Quanto amor, quanta pureza!

Foi-se a desgraça impiedosa

A tristeza se acabou

Até que enfim no infortúnio

Do Sertão Deus se lembrou

Hoje nas casas humildes

Do sertanejo inocente

HÁ festas, riso e cores

Ao som da viola gemente!

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