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POETAS GUERRILHEIROS.

Casa dos Poetas | 09:23 | 0 comentários

 Antônio Belo (Tonho Murilo)








Nasceu em Custódia, Pernambuco, em 09 de julho de 1948; porém é registrado como nascido em Sertânia, cidade de sua mãe e onde viveu os melhores anos de sua vida. É filho de Augusto Belo da Silva e Julieta Januária da Silva. É o quarto de dez irmãos, dos quais, nove continuam vivos. A convivência com os irmãos mais velhos, questionadores, livres-pensadores, amantes da leitura , das artes e da cultura libertária, além de suas próprias inclinações pessoais influenciaram no rumo que deu a sua vida. Viveu até os dezenove anos no interior do sertão de Pernambuco, tendo-se mudado para Recife em início de 1968, para fazer o terceiro ano científico. Cursou engenharia civil na Universidade Católica de Pernambuco (1970-1975) e trabalhou na profissão até 1998, quando se aposentou. No entanto, ainda trabalha, sendo perito criminal e professor do ensino médio (ambos através de concurso público) no estado do Tocantins, onde reside desde 1991. A poesia entrou na sua pauta por acaso. Apesar de gostar de poesia, nunca pensou em escrever, o que somente veio a ocorrer depois dos 30 anos, mesmo assim, esporadicamente. Além de literatura, gosta e admira pintura e música, embora não tenha o dom para a prática dessas artes. Escreve crônicas, poesias e está "ensaiando" escrever uma peça teatral há uns doze anos e nunca tem tempo de concluí-la. Está no terceiro relacionamento conjugal e tem cinco filhos "espalhados" por esses relacionamentos afora... A mudança para o Tocantins deu-se em virtude de trabalho como engenheiro rodoviário, pois o estado estava sendo criado e as estradas eram precárias.

Além de engenharia civil, fez uma Complementação Pedagógia de Licenciatura em Química (2001/2002), pela Universidade do Tocantins - Unitins e uma Especialização em Metodologia do Ensino Superior - Unitins - 2007/2008, em Palmas-TO. Antônio Belo é irmão de Ze Mago(José Belo) da Casa dos Poetas, em Sertânia-PE, e dos Poetas Inez Oludé ( que mora em Bruxelas , na Bélgica) e Joaquim Belo( Quinca)

Vai, Meu Poema
(Antônio Belo)

Vai meu poema,
Vais correr o mundo
Não importa que te digam
Que és um poema vagabundo...Desces montanha,
Sobes serra
Pois somente o que se ganha
É o que a verdade encerra:
Se, como disse o poeta,
"Bom cabrito é o que mais berra!"Vai meu poema,
Pois o tempo urge!Se uma palavra acaba,
Outra, ali, ressurge...Passas sobre as catedrais
Passas por baixo da ponteSobes rios, desces vales,
Vais anunciar um mundo novo
Mas nunca esqueças a "fonte",
Que é a Língua do povo!Vai meu poema,
Que nunca feneças
Ante à tirania
Ou à opressão
Pois se um dia,
Negares poesia,
Que nunca mais
Pises nesse chão!Vai meu poema:
Voa!
Se não te derem asas,
Mesmo assim,
Teu grito ecoa!

Palmas, dezembro/2007



Joaquim Belo( Quinca)





Nascido: 03.08.1946 fillho de Augusto Belo da Silva e Julieta Januária da Silva, Nasceu no Sitio do Carvalho, em Custódia, Sertão do Moxotó , donde mudou-se depois para Betânia, novamente Custódia e finalmente Sertânia, onde iniciou o curso médio, terminando em Recife. Irmão de Zé Mago, da Casa dos Poetas e, Sertânia, Joaquim pertence a uma família de poetas e artistas.

Foi sobre a influência de Manfredo Nigro, Seu Formiga, João Belarmino e Adilson Freire que começou a se interessar pela política que culminou com a militância na política estudantil. Ao lado de seu irmão Emanuel Belo (Maninho) e Zé Andrade participou ativamente do Movimento estudantil sertaniense e da região. Na época do Golpe Militar, temendo ser preso fugiu de Sertânia, juntamente com su irmão Maninho, no mesmo ônibus em que fugia Zé Andrade. Ele e o irmão refugiram -se no Sítio Cacimba de Cima, próximo aos "Coqueiros", na casa de seu avô. Dias depois voltaram a Sertânia e Joaquim foi preso dentro de uma sala de aula do Ginásio Olavo Bilac. Interrogado no Prédio onde hoje é a Casa da Cultura,Quinca foi liberado após a intervenção de Zé Etelvino Lins, que como Professor e diretor da Escola solidarizou-se com os familiares e deu um depoimento atestando que Joaquim e os outros não eram "Comunista" e se responsabilizando pela conduta do mesmo. Isso foi fundamental para sua libertação, segundo o mesmo afirmou em entrevista.
Concluiu o segundo grau, curso técnico. Passou a trabalhar no ramo de estradas, como Laboratorista de Solos e Asfalto, Fiscal de Campo, Auxiliar de Engenharia e Inspetor de Obras, Passou pelas empresas Astep SA, Transcon SA, CPL, e Maia Melo Engenharia. Foi durante 10 anos titular da Secretaria de Obras de Capanema no Pará, Aposentou-se e mudou-se para Belém do Pará onde criou a Sergeo Norte Ltda, onde é diretor e sócio majoritário.
Casou-se com Darismar Santos da Silva com quem teve 4 filhos e tem 5 netos. Joaquim Belo é Poeta bissexto.

A Estrada
(Joaquim Belo)

Deus projetou minha estrada
Com muitas curvas e retas
Deixou-me exemplo de vida
Para atingir minha s metas

Botou também no caminho
Muita subida e descida
e uma paciência de Jó
Para curar as feridas.

Juntei ao seu meu caminho
Como as águas das três ribeiras
Correndo devagarzinho
Nos lados das ribanceiras

Fizemos das nossas outras vidas
Pra continuar a viagem
Pavimentamos os caminhos
Para espalhar a linhagem

Venci todos os obstáculos
Com garra e persistência
Mas só vou parar a viagem
Quando Deus me der a licença.


INEZ OLUDÉ (MARIA BELO) :

UMA MULHER GUERRILHEIRA DO SERTÃO DO MOXOTÓ







Nascida em Betânia, Sertão do Moxotó, foi criada em Custódia e Sertânia, estudou na Escola Prof. Jorge de Meneses. Filha de Augusto Belo e Julieta, é irmã de José Belo (Zé Mago), da Casa dos Poetas, Sertânia-PE,, Joaquim (Quinca) Emanuel (Maninho),  Antõnio Belo, entre outros. Militante de organizações de esquerda da luta armada(PCBR- Partido Comunista Brasileiro Revolucionário) foi exilada para Argentina, onde acabou presa , Sendo solta graças a intervenção de Dom Hélder Câmara, que fez um pedido por escrito a ONU, solicitando sua intervenção para libertação da mesma, atendendo um pedido de sua Mãe Dona Julieta, que fora acompanhada de sua nora Nininha,Pedir por sua filha. Desde então foi exilada para onde vive até hoje, em Bruxelas, na Bélgica.

Inêz Oludé da Silva é diretora da Bienal de Artes Brasileiras de Bruxelas e trabalha com crianças no ensino de artes plásticas, na escola de reforço escolar La Rosée em Bruxelas e é membro da CNAO-AIAP-UNESCO. Artista plástica é apenas uma forma de conceituar esta mulher multimídia que pinta quadros, espaços públicos, ensina português e francês, dança, escreve contos e poemas, e ainda organiza eventos como a Bienal de Artes Brasileiras de Bruxelas.

VILA ACESA

à minha Mae,Julieta Januaria, vulgo Corisco

( Bruxelas,4 de novembro de 1998)


Quando eu morrer
Me enterrem no cemitério de Olinda
Onde minha mae desapareceu
Sem direito a tumba
Sem choro sem vela
Só a fita amarela
Que sorriu pra mim
Azul e branco
Verde esperança
De um Brasil maior
Enfeitado de chita
Nao de linho branco
Sabe quem perdeu ?
Os filhos, as filhas
Que. emudeceram
Diante daqueles
Do Brasil menor
Pedi minha mae, você meu senhor
Me diga porque nao se ofereceu
Pra regar a tumba onde nao cresceu
Outra flor curumim ?
com espinho,sem cheiro
Pro meu desatino,pro meu desespero
Do frio destino de ser brasileira
Em terra estrangeira sem poder contar
Viver sem seu tino,sua raça,seu peito
Nos nao temos o direito
De fazer gurufim ?E no dia dos mortos
Onde vamos chorar,rezar,sofrer,maldizer ?
E os cantos pra ela,onde vou cantar ?
Na rua, na praça,vou fazer de pirraça
a vida inteira vou dançar pra ela
Vocês do regaço me tragam pra mim
Aquela esperança cheirando a jasmim
Que. plantei na janela da Casa Amarela
Que. inventei pra ela na Vila de Areias
Vou dar-lhe,pra ela,e somente pra ela !
A semente, a raiz,os fruto,as folhas
Do meu verso manco,a minha vida torta
E o passarim na gaiola com a voz mais bela
Cantando o lacinante suspiro
Que. sou a primeira
A morrer curumim
Triste é o seu fim
Morrer indigente
A morte inpigente
E a perda enfim
Mae, tu és meu começo
E eu sou o teu fim
Te prometo nao esqueço
A estela na lua
E o sol no jardim




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